Intercâmbios
1º Intercambio – Expressões Humanas e Teatro Vitrine
O grupo Expressões Humanas vem aprofundando e desenvolvendo a prática de intercambiar saberes, afetos, culturas. Muitas foram as formas que encontramos para isso, mas a que perdurou por mais tempo foi a que gerou o espetáculo "Encantrago – Ver de Rosa um Ser Tão". Processo que fez nascer frutos riquíssimos durante um ano de trabalho e que ainda hoje, depois de dois anos do seu início, ainda continua nos encantando com as várias descobertas que teimam em surgir nessa travessia.
Encantrago – Ver de Rosa um Ser Tão nasce, então, do encontro de um grupo que já tem na bagagem uma experiência de 20 anos de estrada, com outro que está começando sua travessia. Os dois quebraram as fronteiras do tempo para gerar o novo e a partir do encontro aprender um com o outro. Essa troca, quando preenchida do devido empenho mútuo, proporciona descobertas e aprendizados difíceis de serem superados visto o legado de saberes e experiências humanas que vão sendo vivenciados.
É pela importância dessas experiências que estaremos repartindo com vocês cada novo intercambio e descobertas dessa nossa travessia quanto grupo e quanto artista. Já não somos os mesmos, é evidente, crescemos como uma criança cresce se expandindo curiosamente e deliciosamente para a vida.
Nosso objetivo, como já dizíamos no 1º número do jornal do grupo em 1997, é somar corpos, emoções nervos, veias, vísceras e coração para realizar o novo, revolucionar velhos padrões sedimentados como verdades absolutas para provocar a criação de uma ponte que facilite nossa velha e saudosa comunicação. Que muitos outros encontros surjam recheados de força, afetividade e saberes para que possamos, enquanto pessoas que somos, festejar essa experiência maior que é a de poder compartilhar a vida com a alma e a sensibilidade de ser um artista. O importante é perceber que por entre veredas e ser tões o “Viver é etecetera” e saber, ... bem, ...“Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.”
Relato do Grupo Vitrine "Nascer ENCANTRAGO" ou
Regurgitações voluntárias para uma criação coletiva.
O convite:
Estávamos, eu e o Júnior (Soares Júnior – diretor do grupo) em sua casa, quando recebemos de maneira inesperada o telefonema da Herê. Ela falou sobre nosso trabalho, sobre a consistência criativa do que tinha visto do Vitrine e sobre o fato de sermos um grupo que se propunha à pesquisa e à elaboração de todas as ares do fazer teatral.
Em seguida, falou sobre a vontade que o Expressões tinha de montar uma peça que falasse sobre o Sertão ou Guimarães e sobre a Cultura Popular e que ela estava nos convidando para juntar a nossa vontade de fazer com a experiência do Expressões Humanas nessa montagem.
Lembro que eu e o Júnior ficamos meio em choque. Conhecíamos e admirávamos o trabalho da Herê e ficamos super contentes e cheios de expectativas em relação ao convite. Rapidamente, falamos com o restante do grupo e, alguns dias depois, estávamos todos juntos – Vitrine e Expressões – em nossa primeira reunião, para fazermos nascer o que viria a ser o ENCANTRAGO.
Infelizmente, nesse entremeio e durante o restante do processo, alguns não puderam prosseguir; afastaram-se os Vitrínicos: Luiz Otávio Queiroz, Shirley Diógenes, Thaís Dahas e Val Linard, deixando para a montagem contribuições valiosas como a música Urucuia (composta em parceria com Shirley Diógenes, Thaís Dahas, Juliana Veras e Annalies Borges) e vivências de corpo.
Mas...
Entre trancos e barrancos, sem grana, mas com muita vontade de fazer acontecer, nos unimos para nascer ENCANTRAGO.
Eu diria que essa peça gerou um cataclisma na forma como encaramos o fazer teatral e em nossas relações pessoais. O fato de o processo ter sido longo, tendo iniciado (ao menos em idéia) ao final de 2007 e ido aos palcos somente em novembro/dezembro de 2008; junto ao fato de termos conhecido ou aprofundado nossos conhecimentos nas palavras de reflexões de Guimarães Rosa e nas tradições de nossa cultura tão rica e tão desconhecida de nós mesmos; e ainda o amadurecimento pessoal que tivemos durante esse ano de montagem fez de ENCANTRAGO um trabalho sólido e enraizado em nossos corpos e ideias. O fato de termos gerado esse “filho” juntos fez com que pudéssemos nos apropriar de cada um dos seus pedaços, de cada uma de suas ricas rimas e metáforas.
Mesmo que o processo ainda não tenha terminado...
Retificando minhas palavras. O processo de Encantrago não durou um ano. O processo de Encantrago é hoje, é o agora, é sempre.
Alguns ainda ficaram para sua estréia, mas depois foram trilhar outros caminhos: Chico Paiva e Soares Júnior (Teatro Vitrine). E outros chegaram: Paulo Botafogo, Katiana Monteiro e Monique Cardoso (Expressões Humanas).
Na atual montagem, nasceram, junto com as novas energias que chegaram, muitas outras facetas da peça que ainda não conhecíamos, detalhes foram desenvolvidos, intenções e músicas modificadas
Acho que ENCANTRAGO é isso: Travessia. Passar por, mas sem permitir que esse caminho seja feito em branco. Todos que por aqui passaram deixaram um pouco de sua voz e alma e levaram no bolso ao menos um punhado da areia quente desse Ser Tão.
Nós aqui do Vitrine que estamos sendo Encantrago (Marina Brizeno, Annalies Borges, Juliana Veras, Liliana Brizeno) e que temos sido desde sua criação, estamos com os bolsos cheios de experiências compartilhadas com o Expressões, com o público, com todos os artistas que também passaram pelas trilhas do sertão e cruzaram nosso caminho deixando aqui o eco de seus passos.
“Tem cisma não. Pensa pra adiante, que tudo que já foi é só o começo do que vai vir”
CONTATOS DO GRUPO TEATRO VITRINE: (85) 87914727 ou 3021 2598 - Marina Brizeno/ E-Mail: teatrovitrine@gmail.com
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2º Intercambio Expressões Humanas/Vitrine e Fulô da Aurora
2º Intercambio Expressões Humanas/Vitrine e Fulô da Aurora
Na busca por uma maior familiaridade com a música, os grupos Expressões Humanas e Teatro Vitrine tiveram, durante alguns meses, encontros com Fabiano de Cristo, instrumentista e cantor do Grupo Fulô da Aurora. Esse grupo sustenta uma pesquisa sobre a musicalidade cearense, seus instrumentos e suas manifestações populares. Esse intercambio nos proporcionou, não só um maior entendimento dos instrumentos e de suas possibilidade, como também nos ajudou numa maior percepção do corpo, por exemplo, do brincante de reisado, do dançarino de coco, do tocador da banda cabaçal e de tantas outras manifestações populares que estão presentes no espetáculo.Obrigada ao grupo Fulo da Aurora por essa vibração tão contagiante e por se juntar a nós no respeito e no carinho por essas manifestações tão ricas e fortes de nossa terra.
CONTATOS DA BANDA FULÔ DA AURORA
http://www.myspace.com/fulodaaurora
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