Leiam a matéria publicada na coluna do Yuri Yamamoto nesta terça no Jornal O Povo:

Mirante

20 Anos de expressões humanas

Yuri Iamamoto
buchicho@opovo.com.br

23 Mar 2010 - 00h54min

Espetáculo  Os Cactos, em  cartaz dia 25 no Nadir Papi Sabóia -  anexo do TJA (Foto: LIO CRESTON)
O Grupo Expressões Humanas completa 20 anos, sempre proporcionando experiências de contato direto entre ator e espectadores em seus espetáculos

Como espectador, tenho muito forte em minha mente, a lembrança de um espetáculo que muito me marcou, tanto pela plástica quanto pelos questionamentos que me fizeram refletir dias seguidos. Logo na entrada, nós, o público, éramos recebidos por bacantes e seres fantásticos, que preparavam e nos seduziam para um banquete teatral, regado a vinho, embalado ao som de flautas e outros instrumentos. O espírito de Dionísio preenchia todo o espaço, dando início a cena, ao ritual, a celebração. A lembrança desse espetáculo, que me vem à tona quando o busco nos registros da minha memória, é de um grupo que, desde então, tornei-me admirador e tive a honra de trabalhar.

Criado em 1990, o Grupo Expressões Humanas, dirigido pela artista plástica e diretora de teatro Herê Aquino, vem ao longo desse tempo mostrando trabalhos que trazem em seu cerne um teatro ritualístico, o contato direto entre ator e espectador, as manifestações populares brasileiras e o homem em situação de representação e como indivíduo e identidade cultural.

A brasilidade é uma das marcas que identifica o trabalho de pesquisa do grupo, tendo como um dos pontos alto o arrebatador espetáculo Larilará Macunaíma Sarava, texto de Marcos Barbosa, inspirado em Macunaíma, de Mário de Andrade e dirigido por Herê Aquino. Um trabalho primoroso e extremamente criativo.

O resgate da cidadania, a discussão do fazer teatral e do papel do artista e da arte na sociedade, são pontos de fundamental relevância no grupo, ressaltando não acreditarem em uma arte alheia aos problemas sociais e humanos que permeiam a realidade. Herê diz que o grupo tem como objetivo principal ampliar o leque de possibilidades de chegar ao homem, de interagir com ele, de despertar caminhos no labirinto humano que não leve só à inteligência.

O Expressões Humanas tem em sua bagagem vários espetáculos montados, esquetes e diversas atividades complementares, entre elas, a produção de mostras teatrais e artísticas, oficinas, intervenções e a elaboração de um jornal do grupo. A Companhia foi várias vezes premiada em diversas categorias e, atualmente, está fazendo parte de um dos principais projetos de circulação nacional: o Palco Giratório do SESC, por meio do qual vai rodar o Brasil com o mais recente espetáculo, Encantrago-Ver de Rosa Um Ser Tão, texto da própria Herê, inspirado na obra de Guimarães Rosa.

Para comemorar essas duas décadas de trabalho o grupo está em cartaz com seu repertório. Ainda dá tempo de prestigiar as peças Os Cactos no dia 25/03 e Ensaio Para Um Silêncio no dia 26/03, ambos na Sala Nadir Papi Sabóia- anexo do TJA as 20h.

É um orgulho para nós, do teatro, ter grupos que estão ativos durante tanto tempo, apesar de todas as dificuldades, mas é prova de que é possível e que ainda é tempo de buscarmos melhorias para a nossa arte. Vida longa ao Expressões Humanas, vida longa ao Teatro! Abraços!

Link para esta matéria: http://opovo.uol.com.br/opovo/colunas/mirante/964931.html

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