O Grupo Expressões Humanas Apoia essa campanha


Carta do Movimento Todo Teatro é Político. 
Vamos nos juntar nessa LUTA:  


Fortaleza também tem seu teatro,
Dito de outra forma: Fortaleza tem o ano inteiro para ver o seu teatro. O que falta a Fortaleza, pois, é uma imprensa que divulgue a arte e a cultura da cidade.
Desde a sua retomada em 2001, o festival vem sendo formatado em reuniões com a classe artística. Já teve o caráter competitivo, mostras com grupos nacionais e em 2003, por demanda dos artistas,  a criação de uma Mostra Repertório, recorte sobre a produção de um grupo local com trabalho continuado, que permanece até hoje. Esses encontros com a classe resultam num festival não engessado e que vem sendo formatado a partir das necessidades dos artistas e das suas relações com a cidade. Interrompido por três anos, o Festival de Teatro de Fortaleza foi retomado ano passado, reafirmando sua importância. Com programação eminentemente local (que é uma opção), a mostra tem mais uma edição entre 10 e 16 de outubro próximo.
Com uma trajetória que vem se consolidando a cada dia a partir das lutas dos grupos artisticamente e politicamente organizados, o festival põe em cena, entre 10 e 16 de outubro próximo, sua sétima edição.
Em destaque, 30 espetáculos que demonstram uma parte da grande e qualificada produção local que a despeito dos descasos governamentais e do engatinhar de uma consciência de que “todo teatro é político”, redimensionando “a conhecida assertiva de Aristóteles, não a da poética, mas a da política, de que todo homem é político”, continua produzindo sua manifestação artística que transcendendo valores puramente estéticos, torna-se verdadeira arte de guerrilha. Humberto Cunha, prefaciando o livro “De quem é a Cena” de Gil Giffony, conclui o pensamento, anterior, dizendo: “a aproximação dessas duas frases, conjugadas com a idéia de que o teatro é inerente à humanidade, faz com que uma confirme as outras e mutuamente se ampliem, levando às seguintes conclusões: todo homem é político, todo teatro é político, todo homem é teatral.”
O Festival, esse ano, segue a uma tendência que vem sendo amadurecida nos fóruns de teatro e que respalda conceitos que se confirmam em opções claramente feitas. Se não vejamos: Em 2010 o movimento organizado conquista, junto à prefeitura, um projeto de intercâmbio entre os grupos de teatro da cidade, em 2011 discute a criação de uma escola pública de teatro onde a opção é pelo fortalecimento dos grupos, ainda em 2011 o Festival de teatro de Fortaleza é discutido nos fórum onde delineia-se o seu conceito: pauta-se nos processos artísticos, elaborados a partir dos grupos locais com trabalhos continuados, que retratem as suas investigações sobre a vida e a transfiguração desse olhar para o teatro.
Continuando esse recorte opcional e consciente teremos, também, o lançamento da “Artesania da Cena”, revista que dará o “ponta-pé” inicial para o registro gráfico do pensamento dos que fazem e pensam o teatro cearense. Esse recorte geral vem revelando a necessidade, atual, de se voltar para a própria aldeia na busca pelo fortalecimento de uma pesquisa e do reconhecimento de uma identidade grupal.
Importante, por assumir o formato de uma festa com caráter de consagração, os festivais de teatro provocam o encontro, reafirmam os sistemas culturais e ressignificam os símbolos que relacionam a humanidade, recriando-a continuamente, como num eterno começo.
Por isso, a programação do VII Festival de Teatro de Fortaleza acerta quando resolve colocar “A Cidade como Palco” abraçando-a de norte a sulnuma grande ciranda de emoções, pensamentos e experiências que consagrarão o grande encontro do teatro com a vida. A prerrogativa é a de fazer circular uma gama da produção, considerada importante e inacessível para a cidade que não reconhece seu próprio teatro.
Quando aposta numa programação toda local - selecionada pelos atores e diretores Walden Luiz e Sidney Malveira, pela diretora Herê Aquino e pelas atrizes Maria Vitória e Vanéssia Gomes – o Festival de Teatro de Fortaleza ganha em sua expressividade. Não que os espetáculos produzidos em outros estados sejam ruins. Absolutamente. É que, se o interesse da classe é fortalecer os coletivos e fazer-se importante para a cidade, nada mais coerente para o poder público, ainda alheio à produção da cidade, que atender a demanda de quem entende, melhor do que ninguém, o que é bom e importante nesse momento para o teatro.
Fortaleza tem o ano inteiro para ver e saber do seu teatro, mas infelizmente esses trabalhos não acham espaço na imprensa local que opta parcialmente pelo que vem de fora, reafirmando historicamente, ao contrário de estados nordestinos como Bahia e Pernambuco que valorizam seus artistas, nossa triste e inexpressiva síndrome de Iracema, eternos colonizados a olhar o mar, negando a si mesmos e aplaudindo de pé os colonizadores. Nossos jornais só confirmam o que já é senso comum ou o que a grande crítica especializada já consagrou, falta opinião, falta fundamentação teórica, falta, principalmente responsabilidade com o que se está veiculando.
O que falta a Fortaleza, pois, é ver o teatro que é produzido aqui, ali, alhures. E o que falta a grande imprensa é divulgar, imparcialmente, o que é produzido artisticamente na cidade de forma séria, comprometida com a ética e sem privilégios de uns em detrimentos de outros, afinal qual o papel da imprensa na  construção do olhar sobre a arte e a cultura da cidade? 

Reunião do Movimento Todo Teatro é Político

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