#ExpressõesHumanas25anos


02/06/2015 - 01h30

Em entrevista, Herê Aquino comenta 25 anos do Expressões Humanas



 
Grupo Expressões Humanas comemora 25 anos de atuação pulsante no teatro cearense. A companhia realiza temporada aos sábados e domingos de junho no Sesc Iracema

O POVO – Herê, no que diz respeito à política pública não há uma continuidade de incentivo, como o Expressões Humanas tem se mantido nesses 25 anos?
Herê Aquino – O Expressões Humanas é um grupo de pesquisa continuada. Pensamos o teatro, seus conceitos, sua práxis. Somos um grupo experimental que se consolida através do seu fazer teatral, aliando estética, ética e uma visão política do mundo que contribui para que transformemos,de forma crítica, realidades em arte.
Com essas características o Expressões Humanas, bem como outros grupos de pesquisas continuadas, não cabem no pensamento e prática de uma arte mercadológica, nem se inserem em novos conceitosde nomes pomposos, que na realidade só mascaram práticas já bem antigas, onde os interesses do mercado comandam as produções, definindo o que o artista deve ou não produzir para que não morra de fome ou não se sinta incompetente diante da lógica cruel do mercado.
Diante do exposto podemos dizer que 25 anos de trabalhos continuados só foram possíveispor existiruma grande paixão no que fazemos e muita criatividade ema criar mecanismos que não deixasse nossa arte sucumbir frente a uma arte mercadológica. Esse mecanismo está presente na construção da luta diária por políticas públicas de continuidade e de fomento que enxerguem a arte e a cultura como elemento de união de um povo que fornecer-lhe dignidade e o próprio sentido de nação. Uma luta que faça os gestores entenderem que arte e cultura são tão fundamentais quanto a Saúde, o Transporte e a Educação, por isso prioridade do Estado.
Essa é a luta que empreendemos, por isso nossa busca por uma linguagem que contribua para a construção de um teatro vivo, que esteja em constante sintonia com a vida e que proporcione a reflexão e a construção do “ser” artístico/ social.

O POVO – O que o grupo tem de principal para comemorar agora?
Herê Aquino – Uma memória cultural riquíssima, dignidade e muita garra na construção de nossa história. Trazemos em nossa bagagem um passado que constrói deliciosamente e responsavelmente um presente e um futuro.Ter e preservar essa memória é saber de uma história construída a muitas mãos e que por isso permanece, de certa forma, impregnada não só no teatro que fazemos, mas no teatro cearense de forma geral, que é onde atuamos de forma mais intensa.
Hoje temos cinco espetáculos em repertório, uma sede, um grupo permanente, reconhecimento pelo trabalho estético e por nossa ética de atuação nos movimentos teatrais. Nossos trabalhos são fontes de pesquisas para muitos atores e grupos que desenvolvem pesquisas dentro das universidades de teatro, enfim conseguimos, apesar de todas as dificuldades, construir uma história que é respeitada e apreciada, Acho que isso é um grande motivo para comemorarmos.

O POVO – Qual a importância de manter a própria sede?
Herê Aquino – Para nós existem dois grandes motivos para mantermos a sede. O primeiro é o fato de termos um local onde podemos nos encontrar todos os dias para desenvolver nossos projetos de trabalho. A falta de um espaço é um problema para a maioria dos grupos de teatro. Segundo, mas não menos importante, por a sede dos grupos teatrais terem a possibilidade de colaborarem para a descentralização da cultura, mesmo em pequena proporção. Vemos as sedes como pequenos centros culturais espalhados por diversos bairros da cidade, levando arte e cultura para locais totalmente esquecidos pelo poder público. Esses dois pontos já justificam a importância do fomento para esses espaços.

O POVO –Que momento marcante da trajetória do grupo você destaca?
Herê Aquino – Difícil escolher um único momento dentro de uma trajetória de 25 anos, por isso gostaria de citar três desses momentos, que acabaram por demarcar saltos importantes para a continuidade do grupo. Um deles aconteceu em nosso segundo ano de existência quando participamos de nosso primeiro Festival de Teatro. Nele fomos indicados para as principais premiações, ganhamos duas delas, mas o que mais nos marcou foi o comentário de umjurado de Recife que disse de sua impressão e felicidade de ter visto a apresentação de um Grupo tão novo, mas que já trazia em seu trabalho tanta determinação e força teatral no que fazia. Essa fala foi fundamental para impulsionar o grupo que estava somente começando. Outro momento foi quando começamos a viajar pelo Brasil e receber o retorno positivo do público fora do estado. Epor último a aquisição de nossa sede. Todos esses momentos foram fundamentais para delinear e dar continuidade aos projetos que hoje desenvolvemos no grupo.

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