O Absurdo dos Absurdos - Atores de Rãmlet Soul são agredidos com a conivência e estímulo de policiais.


Em apoio aos atores de Rãmlet Soul que foram agredidos na praça José de Alencar, em Fortaleza, por policiais em clara declaração de HOMOFOBIA, estamos divulgando o fato para que essa ação não acabe, exclusivamente, em um caso de polícia.

"O espetáculo Rãmlet Soul, que esteve em cartaz ao longo do mês de maio no Theatro José de Alencar, sofreu de violência física e verbal, nesta terça-feira (25/05), pouco depois das 18h, sob estímulo e conivência de PMs. Os atores Junior Barreira, Saymon Moraes e Sol Mouffer foram agredidos e o ator George Alexandre e o músico Saulo Raphael ameaçados durante a apresentação da primeira parte da peça, que ocorre na Praça José de Alencar.

Inicialmente, os PMs (de nomes Geraldo, França e Lacerda) abordaram os atores de modo truculento, abusivo e confrontador, alegando que não podiam estar na rua, interpretando seus papéis de michês, apenas de toalha, o que configuraria “atentado ao pudor” – nas seis apresentações no TJA e dez apresentações na Praia de Iracema, bem como em sua participação em festivais, o espetáculo jamais teve problemas similares. Os policiais exigiram que os atores se retirassem da praça, onde a peça iniciava a penúltima apresentação desta temporada. Os atores reivindicaram por seu direito de trabalho em espaço público. Os PMs, cada vez mais agressivos, insistiram que aquilo não era trabalho, mas sim "sem-vergonhice”. Um deles, o mais velho, quando questionado pelo ator George Alexandre sobre sua postura, ameaçou-o com expressões do tipo: “não tenho medo de nada; eu nasci foi pra morrer”. O policial, abusando de suas atribuições e de sua função pública, foi aglomerando os transeuntes da praça em torno dos atores da peça, em mobilização contra o elenco (temos este registro em vídeo). Pouco depois, sob esse clima tenso, numa das cenas peça em que os michês, em triste paródia da vida real, são expulsos de seus pontos e correm acossados, um dos PMs, novamente o mais velho, insuflou transeuntes e deu a ordem contra o elenco: “mostra pra eles o que é teatro”. Armados de porretes e de facas, os agressores aplicaram socos, tapas e pontapés nos atores Junior Barreira e Saymon Morais. Dois outros atores da peça, Yasmin Elica e Jhon Jonas, presenciaram o momento em que o policial instigou tal agressão. A atriz da peça, Sol Mouffer, também próxima da confusão, em cena que carrega uma pedra na mão (parte do espetáculo já tantas vezes apresentada naquele espaço), foi agarrada pelo braço por um dos policiais, que, “pressupôs”que ela iria agredi-lo com o objeto. Finalmente, após a violência sofrida (sob ameaças de ser furado à faca pelos agressores), o ator Junior Barreira, ignorando que partira da polícia o comando para atacá-lo, procurou o referido efetivo policial para queixar-se do que aconteceu, e obteve esta resposta de um dos PMs: “Defender você? Não estou aqui pra lhe defender. Isto que você faz é uma baitolagem. Você mereceu". Situação que justificou as lágrimas do ator, abalado como outros artistas da peça que também sofreram agressão, incluindo o músico Saulo Raphael, que, por tentar proteger os atores da situação de perigo, fora “jurado” pelos agressores, em promessa de violência para a apresentação seguinte, nesta quarta-feira, dia 26/05. Fato que justificou que Rãmlet Soul encerrasse a temporada do TJA sob proteção de - outra - escolta policial, solicitada pela direção do teatro, num deplorável quadro de "polícia protegendo da polícia".

A “baitolagem” a que se referiu o pm instigador da agressão aos atores, e que, na sua visão, justifica tanta violência, faz parte de um espetáculo premiado nacionalmente, pela Funarte/Petrobras, bem como pela Prefeitura de Fortaleza, tendo obtido repercussão em dezenas de veículos de comunicação e que, apenas três dias antes, havia lotado o Porão do Theatro José de Alencar em plena meia-noite.

Rãmlet Soul é uma peça que procura se inserir no que a cidade é, de fato.
Será por isso que a polícia mandou bater?"

Thiago Arrais
(diretor do RÃMLET SOUL)

Comentários

Divulgando os e-mails de apoio que vieram de vários cantos do Brasil depois que o fato foi divulgado na rede.

Caros(as)... .
E ainda somos assim hoje... uma lástima! Uma lágrima que não pede licença para rolar pelo meu rosto estupefato e decepcionado. .. E a Arte resiste para mostrar que "um outro mundo ainda é possível!" Força é o que desejo para o elenco! Palmas para todos(as)!!! viva o teatro!!!!!! !!!!!!! E que uma nova consciência surja na humanidade!
Siomar Ziegler
Atriz, Diretora e Produtora Cultural
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Prezado Thiago,
como você sabe, estava presente na apresentação de terça-feira em que ocorreu a agressão ao elenco de Ramlet Soul.

Acredito que uma reação possível seja fazer o exame de corpo de delito e registrar o B.O. Outra possibilidade é recorrer ao advogado do SATED, que pode orientar no que pode ser feito. Penso que uma queixa-crime ou outro instrumento jurídico deva ser acionado contra os policiais homofóbicos.

Talvez esse seja um gancho para recorrer à Luizianne, que defende e apóia fortemente a bandeira contra a homofobia. A Izabel do TJA também pode engrossar o coro nesse processo.

Não sou advogado, mas acredito que os policiais incorreram em pelo menos dois crimes: abuso de autoridade e homofobia. Além disso, talvez possa ser usado o argumento do constrangimento ilegal e da limitação à liberdade de trabalho e expressão.

Eles confundiram teatro com realidade. Este é um erro clássico em que a sociedade mistura atores com seus personagens.

Esse crime não pode passar impune jamais!

Abraço,
José de Ipanema
Ator e Produtor
Thiago e Rodrigo,
eu estou sem acreditar no que aconteceu apesar de nada mais nesse mundo me surpreender em relação à violação dos direitos humanos. Nós temos que exigir um posicionamento da prefeita em relação ao acontecido. Esse fato tem que alcançar uma grande repercussão para sair do âmbito particular e se tornar público e político. O vídeo, fotos e o que tiver tem que ser publicado para que os responsáveis sejam punidos. Se não fizermos nada vai ser só mais um caso de polícia e nada mais. Não podemos deixar essa questão passar sem fazer um ato de repúdio. O que aconteceu é não só absurdo como impensável nos dias de hoje.
Temos que pensar no que fazer. Acho que o Movimento Todo Teatro é Político não pode ficar omisso. Acho que uma manifestação contra o abuso e despreparo dos policiais que estão nas ruas em contato com o povo, vai ser interessante também para o teatro de rua que enfrenta questões desse tipo. Temos também o velho problema do uso das praças e espaços públicos que deve ser discutido.
Abraços
Herê Aquino
Diretora e pesquisadora Teatral
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Cara Herê.
Concordamos que é preciso dar uma resposta pública ao que aconteceu aos atores de Rãmlet Soul - pois evidentemente o problema é público: quem apanhou, a nosso ver, foi o teatro, a tolerância pelo diverso, o respeito à arte, ao homem e à cidadania.
Ofícios já foram encaminhados ao secrtário de segurança pública e de cultura. Fomos à delegacia registrar queixa-crime, mas havia greve dos escrivãos. De todo modo, iremos à corregedoria da polícia.
Achamos tb que o fato deve ser de conhecimento geral. Temos, sim, fotos e vídeo que podem elucidar ainda mais o que aconteceu. E agradecemos a solidariedade (Ipanema, Vanéssia, Edson, Siomar) da classe teatral no sentido de um repúdio em bloco. Acho que de um modo ou de outro, a classe teatral sempre apanhou. Mas agora ela está pronta pro revide.
Thiago
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De fato, tal incidente aponta o despreparo de nossa força policial, assim como também a questão da ocupação das praças públicas.

Por favor, encaminhem tal notícia para todos.

E, Thiago, posso colocar suas palavras na sessão "Boca na Cena" do nosso site, assim como espalhar via orkut/youtube/ e-mail as imagens da violência que vcs sofreram?

Se quiser e puder, encaminhe para nós, seus companheiros de luta, as imagens desse ato violento.

Jean Carlos Barbosa
Diretor Teatral
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“POLÍCIA PARA QUEM PRECISA DE POLÍCIA!”
Amigos e Amigas do Teatro
Absurdos como esse devem ter o repúdio não só do movimento cultural de nossa cidade como também de todas as instituições que acreditam nas liberdades, num estado de direito Democrático e Republicano.
Uma truculência como a que tomamos conhecimento nos remete ao RODA VIVA (atores e público espancados dentro do teatro). Uma vez que não estamos mais no tempo em que militares interferiam muitas vezes sobre o viver, o fazer, o criticar, o criar dos cidadãos cabe-nos agir para que tal ato de violência as liberdades, não se torne um habito em nossas cidades enviemos esse e-mails para todos inclusive para a ouvidoria do Estado do Ceará. http://sou.cge. ce.gov.br/ publico/Cadastro Manifestacao. aspx;
Tornar público um ato bárbaro de preconceito a arte alertará para que o mesmo não se repita.

VIVA A LIBERDADE,
VIVA A DEMOCRACIA,
VIVA O TEATRO CEARENSE!!!! !!!!!!!!

Carri Costa
Diretor, Ator e Produtor Cultural
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ACORDA AMOR
EU TIVE UM PESADELO AGORA
SONHEI QUE TINHA GENTE LÁ FORA...
CHAME O LADRÃO, CHAME O LADRÃO...

É moleza fazer Teatro no Ceará e com um incentivo desses,nem se fala...

Fernando Piancó
Ator, Diretor e Produtos Cultural.
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QUE ABSURDO ESSE FATO ENVOLVENDO OS ATORES DO HAMLET SOUL...
LAMENTO E MUITO O ACONTECIDO...
ISSO NOS ALERTA E TAMBEM CONFIRMA A FALTA DE RESPEITO PARA COM O TEATRO E OS ATORES QUE APESAR DE TUDO, AINDA CONSEGUEM VIVER DE SUA ARTE E ACREDITAM QUE ESSA ARTE PODE MUDAR O MUNDO!!! QUE POLICIA ESTUPIDA E ESSA QUE TEMOS!
OS ANOS DE CHUMBO JA PASSARAM E DEIXARAM TANTAS CICATRIZES!!
AGORA ESTAMOS EM NOVOS TEMPOS, ONDE A DEMOCRACIAS, OUTRORA, MORTA, VIVE E NOS AMPARA COM SUAS ASAS TRANQUILAS.. .
O HOMEM TEM LIBERDADE PARA FAZER O QUE QUISER,
PARA ACREDITAR NO QUE QUISER, PARA ENTENDER O QUE QUISER!!!!
E AI, VAMOS FICAR PARADOS??????

Giovann Marsallis
Ator e Diretor teatral
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Lamento profundamente o ato de violencia e abuso de poder contra meus queridos colegas. Mais ferido me sinto ainda quando isso acontece na minha querida Fortaleza onde comecei minha vida de ator e que tem um Teatro com meu nome Teatro Sesc Emiliano Queiroz. Um beijo carinhoso a todos do Rãmlet Soul do velho ator Emiliano Queiroz.
Emiliano Queiroz
Ator
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Amigos do Sul Fluminense!

Escrevo em apoio aos colegas atores de rua cearenses!

Isso não pode acontecer! O Coletivo Teatral Sala Preta de Barra Mansa/RJ já passou pela situação de tentarem "embargar" uma sessão de "O Nordeste de Gonzagão", por fiscais da postura e ordem pública. Mas, tudo se resolveu bem, e hoje arte é apresentadada livremente nos locais públicos (do povo e não do Poder Público), da cidade. Hoje o poder público reconhece a importancia dos artistas na rua, apoia e incentiva! É possível caminhar juntos, sociedade civil e poder público. Mas, diante de exemplos como esse de Fortaleza... Fica minha indignação e revolta!

Abs
BRAVO
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Caros e caras,

Soube do ocorrido agora pela manhã, através dos e-mails e da reportagem no Diário.
Importante se mexer e não calar, e essas ações devem estar em todos os âmbitos. O Ato Público presencial já é uma grande ação; utilizar a internet, outra, mas esses policiais têm que ser identificados e penalizados, como também os autores das agressões.

Nós, artistas, antenas de nosso tempo, do passado e do futuro, temos como obrigação não calar e reafirmar nossa liberdade enquanto direito e garantia fundamental frente a qualquer mecanismo que a deteriore ou ofenda.

Para frente Rãmlet Soul, e todos aqueles que acreditam na construção da liberdade e de um espaço verdadeiramente público.

"É livre toda liberdade expressão"!

Abraços,
Gyl.
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Camarada Thiago,

Em nome da Companhia Pã me solidarizo com toda equipe do Ramlet Soul. Disponibilizo a Pã Revista para divulgação das fotos, vídeos e artigo. Pessoalmente me coloco a seu dispor para qualquer ação que o grupo se proponha tomar. Não podemos deixar passar em branco a intolerância e o desrespeito.

Abraço,
KKardozo
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Nos que fazemos a Cia Escarcéu de Teatro de Mossoró, apresentamos nossa solidariedade ao atores agredidos e registrar que quando tivemos aí em Fortaleza em 2002, com o espetáculo "Trupizupe o Raio da Silibrina" a polícia tentou impedir nossa apresentação na praia do Futuro, não chegamos a ser agredidos físicamente, mas, verbalmente sim. Necessitamos de providencias urgentes.

Nonato Santos
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Eu, Suani Corrêa, em nome do grupo Palhaços Trovadores, do Fórum Permanente de Teatro e no papel de articuladora da RBTR/PA, tbm me solidarizo com tal situação. Fiquei indignada cm a violência sofrida por vcs. Irei divulgar em uma rede na internet que faço parte, a Rede Teatro da Floresta (http://redeteatroda floresta. ning.com).
Abçs,
Suani Corrêa
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Eu, Licko Turle, teatrólogo, coloco os meus protestos veemente ao fato ocorrido com os artistas de Fortaleza e gostaria de acompanhar o processo criminal contra este péssimos policiais.
Licko Turle

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